segunda-feira, 23 de novembro de 2009

EBULIÇÃO DA ESCRAVATURA

A área de entrada é senzala moderna
Tem preta eclética, que sabe ler "start";
"Playground" era terreiro a varrer.

Navio negreiro assemelha-se ao ônibus cheio,
Pelo cheiro vai assim até o fim-de-linha;
Não entra no novo quilombo da favela.

Capitão-do-mato virou cabo de polícia,
Seu cavalo tem giroflex (radiopatrulha).
"Os ferros", inoxidáveis algemas;

Ração pode ser salário-mínimo,
Alforria só com a aposentadoria
(Lei dos Sexagenários).

"Sinhô hoje é empresário,
A casa-grande verticalizou-se,
O pilão está computadorizado.
Na última página são "flagrados"(foto digital)
Em cuecas, segurando a bolsa e a automática:
Matinal pelourinho.

A princesa Áurea canta,
Pastoreira suas flores.
O rei faz viaduto com seu codinome.
- Quantos negros? Quanto furor?
Tantos tambores... tantas cores...
O que comparar com cada batida no tambor?

"A escravatura não foi abolida; foi distribuida entre os pobres."

Luis Carlos de Oliveira
Antologia da poesia negra brasileira: o negro em versos -
org. e apresentação de Luiz Carlos dos Santos -
1ª ed.- São Paulo:Moderna-2005.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Somos professores? Muito mais!
Somos educadores? Mais ainda!
Somos vendedores de sonhos!
Vendemos sonhos para o abatido se animar,
Para o tímido ousar, para o ansioso se tranquilizar,
Para o poeta se inspirar e para o pensador criticar e criar.
Sem sonhos, somos servos!
Sem sonhos, obedecemos ordens!
Que vocês, alunos, sejam grandes sonhadores!
E se sonharem, não tenham medo de caminhar
E se caminharem, não tenham medo de tropeçar!
E se tropeçarem, não tenham medo de chorar.
Levantem-se, pois não há caminhos sem acidentes.
Deem sempre uma nova chance para si mesmos.
Pois a liberdade só é real se, após falharmos,
Existir o direito de recomeçar...

Cury, Augusto
Filhos brilhantes,alunos fascinantes
-2ª ed.- São Paulo
Editora Academia de Inteligencia,2007.

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Bacabal, Maranhão, Brazil

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